31 de janeiro de 2011

Palavras ditas

"É urgente que o Estado torne as contas claras, que explique como apurou que para cada turma funcionar sejam necessários 80 mil euros". "O número surgiu sem qualquer discriminação dos valores". - Secretário Geral da Federação Nacional de Professores (FENPROF). (1)

“As escolas com contrato de associação prestam um serviço público de qualidade e têm direito a um apoio justo, para o poderem fazer gratuitamente(...)”. - D. António Vitalino, Bispo de Beja. (2)

(1) “Escolas cortam nos professores”, in Correio da Manhã [em linha], 2011-01-31, http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/ensino/escolas-cortam-nos-professores[consultado em 2011-01-31].

(2) "Educação: Bispos criticam estatização do ensino", in Agência Ecclesia [em linha], 2011-01-31, http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=84049 [consultado em 2011-01-31].

IPSB - Escola Particular e Serviço Público: testemunho dum Professor

Chamo-me Telmo Domingues. Bustoense, nascido e criado. Quarenta e três anos, vinte e oito dos quais ligado diariamente ao IPSB: nove como aluno, dezanove como professor. Sou das pessoas menos indicadas para defender, com objectividade e imparcialidade, o nosso Colégio Frei Gil. Neste contexto, e a esta escala global, na internet, o impacto da minha opinião é nulo.

Além disso - pode legitimamente argumentar-se  - há a hipótese de eu estar a forjar uma opinião com objectivo de satisfazer os meus interesses pessoais: é o meu emprego que está na linha de fogo (ainda que seja um dos dois professores de Biologia e Geologia mais antigos da casa...) e aos olhos de quem não me conhece, esta poderá ser não mais que uma manobra de diversão... Ainda assim, com a objectividade abalada pelo amor à casa, a insignificância como companheira e com a minha credibilidade em prova, penso ter um contributo válido a dar.

O Colégio Frei Gil é uma escola particular com contrato de associação, instalada na nossa comunidade há mais de 40 anos por iniciativa do padre Dominicano Frei Gil – o “nosso” Frei Gil. Desde a sua fundação e até hoje, o projecto de Frei Gil sempre foi respeitado e acarinhado – é uma escola do Povo, para o Povo.
O Instituto de Promoção Social de Bustos (actual designação do Colégio Frei Gil), como o seu nome claramente sugere, pretende ser – e é - isso mesmo: um instrumento de promoção das gentes da nossa terra. Os milhares de pessoas que por nós passaram ao longo de várias gerações são o testemunho vivo da nossa cultura de diversidade, do nosso investimento em Valores, tanto quanto em competências e conhecimento. Todas as pessoas, desde as mais humildes às mais abastadas, foram e são recebidas com a mesma alegria e intenção - nunca fomos, nem nunca seremos, uma escola para meninos ricos, muito antes pelo contrário!

Somos, com todas as letras, uma instituição de verdadeiro serviço público, reconhecida e acarinhada por toda a comunidade regional. Problemas? Claro que os há! Não consigo evitar uma grande azia quando, por exemplo, penso na quase indiferença que a escola dispensa ao milagre que nos puseram ali ao lado, na Mamarrosa, que dá pelo nome de IEC...  Não consigo digerir a falta de oferta educativa de uma escola como a nossa à comunidade de adultos... Não suporto a presença de pessoas que ainda não perceberam que Escola e Educação são conceitos dinâmicos... Rejeito compulsivamente a inércia instalada em alguns sectores...
No contexto actual, o que está em causa é muito mais preocupante que o fantasma do desemprego de alguns professores e funcionários. O que está em causa é a continuidade de um projecto sobejamente conhecido pela sua abrangência social e, ainda assim, pela qualidade comprovada da Educação prestada. 
Como já se disse, inclusivamente na Assembleia da República, é preciso distinguir o trigo do joio, antes que seja tarde demais. As iniciativas dos Encarregados de Educação têm sido absolutamente louváveis e motivantes, contribuindo positivamente para essa distinção. Ao contrário do que alguns pensam ou pensaram, os professores não ficaram indiferentes ao apoio à escola, na manifestação organizada pela APECOB. Os professores tiveram que cumprir com o que a lei determina – estar no seu local de trabalho para prestar um serviço educativo. As inspecções a que as escolas estão a ser sujeitas por causa da interrupção das aulas, atestam que agimos bem ao “distanciarmo-nos” do manifesto.

Mas, como diz o Óscar Santos, as manifestações de rua não chegam. Tem de haver um movimento em bloco de todos os que se identificam com a nossa escola divulgando, em todas as frentes, o nosso Projecto Educativo. Temos de nos demarcar dessa horda de oportunistas que, efectivamente, usam e abusam dos nossos impostos para proveito próprio. Sem histerias nem fanatismos é importante, neste momento, saber ouvir as pessoas que não nos conhecem. Ouvir as suas críticas, por muito injustas ou inadequadas que sejam e, com serenidade, mostrar-lhes quem somos e o que representamos, o caminho que traçámos e as directrizes que abraçamos. É muito importante, agora, que todos os nossos ex-alunos, principalmente eles, levem a sua voz até onde puderem, para que o maior número possível de pessoas perceba que somos, de facto, uma escola diferente daquilo em que nos querem tornar. Mas façamo-lo de forma livre e genuína, como sempre ensinámos, como sempre aprendemos."

Agradeço-vos o esclarecimento que tem sido prestado, porque é disso mesmo que se trata - esclarecer as pessoas.

Abraço
Telmo
__
- O Telmo é também um excelente fotógrafo. Daí 2 das suas "fotografiquices" [Costa Nova del Prado e Molhe Sul/Praia da Barra].

30 de janeiro de 2011

Palavras ditas

[...]“O Colégio de Bustos é uma escola de qualidade e queremos mantê-la assim. Mas com os cortes anunciados, a situação poderá piorar”[...] Fernanda Duarte

“Pais impedem alunos de ir às aulas em Calvão e Bustos”, in Diário de Aveiro [em linha], 2011-01-26, http://www.diarioaveiro.pt/[consultado em 2011-01-30].

Alunos e pais do Colégio Frei Gil protestaram - Jornal da Bairrada

Prós e Contras - Ensino Particular e Cooperativo



A Prova dos Nove

Programa de 31 de janeiro 2011.

Um debate onde vão ser analisadas algumas questões importantes do sector da Educação, nomeadamente a do ensino particular e cooperativo.

Como convidados deste programa, entre outros:
ISABEL ALÇADA, ministra da Educação
ISABEL SOARES, diretora Colégio Moderno
PEDRO DUARTE, vice-presidente grupo parlamentar PSD
NUNO CRATO, prof. universitário
MÁRIO NOGUEIRA, secretário-geral Fenprof
JOÃO ALVARENGA, pres. Associação Estabelecimentos Ensino Particular e Cooperativo

_________________________

Extraído de Prós e Contras aqui

IPSB: partilhar as notícias, intervir

"Queremos que o NB seja uma plataforma partilhada colectivamente pelos vários agentes da nossa comunidade. Em total liberdade e sem dependências económicas ou políticas. Como escrevíamos em Abril de 2004, “a porta está aberta, é só entrar.”.
Foi com estas palavras que o nosso webmaster se dirigiu a um blogue vizinho, o Anadia 100 Gente, acrescentando:
É como se fossemos um jornal de parede (digital) que estimula a crítica e o debate político sem se envolver em campanhas partidárias. Divulgamos o passado e o presente de uma terra, porque a nossa gente e a sua memória são um património, uma identidade a defender. De um único sectarismo poderemos ser acusados: somos bairristas! Bustos é o nosso tema, quase exclusivo.
Esta espécie de estatuto editorial definido pelo nosso Belino Costa, que vem dos tempos do "Bustos - do passado e do presente", assume um relevo muito especial no contexto das medidas que o Ministério da Educação tomou em relação aos subsídios ao ensino particular e das lutas que tais medidas desencadearam, inclusive ao nível da política partidária e eleitoral.
A focalização que temos dado ao assunto está implícita no texto do Belino por uma razão matricial:
O IPSB constitui um património cujo ADN contém instruções genéticas que começaram a ser armazenadas por gente de Bustos. Está-nos no sangue.

Vários têm sido os textos sobre o assunto e muitos os comentários, alguns dos quais merecedores de publicação autónoma.
Por tais razões, convidamos professores, alunos, funcionários e outros agentes educativos, bem como cidadãos em geral, a enviar-nos textos para publicação.
Por razões à vista, aceitaremos o uso de pseudónimos, posto que os seus autores se identifiquem perante o destinatário do e-mail, ficando o Notícias de Bustos obrigado a preservar a sua identidade verdadeira.
Por razões também à vista, exigimos urbanidade e educação, pois é disso que se trata.
Fica o convite.
___
E-mails: oscarsantos@netvisao.pt ou noticiasdebustos@gmail.com
- O texto do balão foi extraído do prefácio da publicação "A Capela dos Ferreiras da Barreira", edição da Comissão de Festas de S. Lourenço, Bustos - 9 de Agosto de 2009; autoria: Licínio Mota.

28 de janeiro de 2011

INSTITUTO DE PROMOÇÃO SOCIAL ... 'era um sonho da minha vida'.. Frei Gil


"Façam o mundo melhor, ouviram? Não me obriguem a voltar cá!"
Mário Sacramento, cópia da carta-testamento ...

COLÉGIOS E COLÉGIOS

Já agora, mais outro link, este do Sindicato dos Professores da Região Centro, sobre o que apelida de 

E mais outro, este do conhecido blogue oliveirense, também incluído nas ligações do NB,  

*
Oscar Santos

27 de janeiro de 2011



Os Contratos de Associação - Perguntas e Respostas  



 Imagem e link de http://ipsb.info 







SOS - IPSB


Caros amigos e amigas

Não defendo o IPSB, porque é melhor do que qualquer escola pública ou porque é igual a qualquer outra escola particular e cooperativa.

Defendo o IPSB, porque milhares de pessoas já beneficiaram e continuam a beneficiar, de um ensino com qualidade, sem distinção.

É uma escola para todos!

Vamos defender a nossa escola!

Alberto Martins

COLÉGIO DE BUSTOS: vencer o futuro

Os acontecimentos de ontem no IPSB merecem novas reflexões:
1ª – Espera-se que as iniciativas de rua ontem levadas a cabo tenham ajudado pais, alunos, professores, funcionários e população em geral a perceber melhor o que são direitos fundamentais dos trabalhadores: direito ao trabalho e a uma compensação justa, direito à greve, direito à indignação.
Até nos bater à porta, somos ligeiros a criticar aos outros aquilo que, afinal, também desejamos para nós.

Concluída (quase…) a fase das arruadas, importa agora posicionar o IPSB no contexto da luta que o ensino particular está a travar e daí avançar para uma 2ª reflexão:
Serão todos os colégios merecedores do mesmo tratamento? Impõe-se ou não separar as águas, distinguindo o trigo do joio? Quantos colégios não passam de sociedades mercantilistas ou empresas familiares viradas para o lucro e partilha de benesses em circuito fechado? Já agora: vamos continuar a criticar o Estado por males e vícios que nós próprios cultivamos?
O Colégio de Bustos (ou do Sobreiro, ou IPSB, ou Colégio Frei Gil, como lhe queiram chamar) tem uma história, uma matriz, uma base socio-ideológica que o colocam num patamar distinto dum boa parte dos estabelecimentos de ensino particular do país.
Nascido no início dos anos 60 da iniciativa de bustuenses preocupados com o desenvolvimento da sua terra e depois de passar pelo que alguém chamou "grupo de Oliveira do Bairro", o Colégio de Bustos veio a ser adquirido pelo troviscalense Frei Gil e incorporado na denominada Obra do Frei Gil, uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) de matriz religiosa, a designada “Sociedade de Promoção Social da Obra do Frei Gil”. Além de proprietária do que passou a designar-se Instituto de Promoção Social da Bairrada (IPSB), a Obra detém ainda mais de uma dezena de centros de acolhimento de crianças abandonadas e jovens em risco.
O IPSB não é, nunca foi, um colégio para filhos de pais ricos. Antes é – como sempre foi - frequentado pelos filhos de Bustos e das freguesias circunvizinhas, sem olhar aos recursos dos que acolhe e com o rosto voltado para a comunidade, como ali se prega e escreve nas paredes em letras grandes.
As raízes que criou e os valores e princípios que incorporou colocam-no num patamar distinto do ensino público. Patamar que não se quer concorrente com aquele, muito menos antagónico.

Além de pouco inteligente e falaciosa, a argumentação dum ensino privado melhor e mais barato inculca a ideia de que o Estado se deve demitir das suas obrigações sociais. A ser assim, entregava-se tudo de mão beijada aos privados: hospitais, saúde, assistência social, universidades, autarquias, tribunais…
Não se trata de mudar de moleiro ou de ladrão, mas de garantir o direito à diferença  através da escolha ponderada de dois processos educativos à disposição duma comunidade bem concreta, cujo projecto educativo merece continuar a ser protegido e apoiado pelo Estado em condições que garantam o seu futuro em condições idênticas às dos últimos 30 anos.
Pede-se o que é socialmente justo, adequando-o a cada caso, o que em nada interfere com o primórdio do ensino público.

Entretanto, se há mazelas, tratemos de as curar.
A introspecção ou - se preferirem - a penitência, só nos purifica.
E faz de nós melhores presidentes, melhores deputados ou ministros dos vários reinos.
Em suma, melhores cidadãos.
_
Imagem extraída do site do IPSB.

Oscar Santos

26 de janeiro de 2011

COLÉGIO DE BUSTOS: que futuro?

Hoje, os alunos do IPSB (Instituto de Promoção Social da Bairrada/Colégio Frei Gil) vão impedir o acesso às aulas, como forma de protesto pela medida do Ministério de Educação em cortar 30% nos subsídios de apoio ao ensino particular.
A revolucionária iniciativa decorre da decisão tomada na passada 6ª feira numa assembleia de pais presidida e conduzida pela Associação de Pais do IPSB. Foram centenas os pais presentes. Se saíram de lá suficientemente esclarecidos, já é outra história.
Que importa?
Quem não deseja que os seus filhos estudem no IPSB, a custos idênticos aos do ensino oficial?
Quem não prefere a personalização do ensino, a proximidade, a sensação de que, naquele momento mil vezes repetido ao aproximar apressado das 8H30, a nossa Família se prolonga portas adentro do nosso querido IPSB?

Entretanto, os professores demarcaram-se da iniciativa e optaram pelo diálogo com o governo.
As lutas ganham-se ou perdem-se se as soubermos defender, se estribarmos bem todos os passos dessa luta. Se a soubermos legitimar e defender nos locais próprios.

De acordo com o Decreto-Lei n.º 533/80, de 21 de Novembro, o Estado propôs-se celebrar contratos de associação com estabelecimentos de ensino particular localizados "em áreas carecidas de escolas públicas", contratos esses que se foram traduzindo na concessão de subsídios e outros benefícios.
Decorridos 30 anos tais carências desapareceram ou são residuais, o que levou o governo a alterar as regras de financiamento por via do DL n.º 138-C/2010, de 28 de Dezembro, regulamentado no dia seguinte pela Portaria n.º 1324-A/2010.

Ficam no ar muitas questões:
- Será adequado e justo o actual financiamento do Estado aos estabelecimentos de ensino particular localizados em áreas onde a oferta pública ainda não foi completada?
- E nas áreas onde a oferta pública está garantida, é de manter o financiamento?
- Cabe ou não ao Estado financiar o ensino em condições de igualdade, seja ele público ou privado?
- Face à redução de alunos no ensino público, deve o Estado emagrecer os seus quadros, preservando-se os do ensino particular, ainda que à custa do financiamento estatal?
Entretanto, na área da DREC (Direcção Regional de Educação do Centro) o ensino público estará a perder 2.000 alunos/ano.

Já que a revolução está na rua, vale a pena citar Vladimir Ilitch Lenine:
- Que fazer?

Oscar Santos

25 de janeiro de 2011

"Chegou o carteiro das nove p´ras dez ... " *



As cartas da saudade

«Naquele tempo, vinham cartas de França, da Alemanha, ainda aerogramas dos últimos soldados no ultramar. Eu chegava e era uma festa. O carteiro era o recoveiro de saudades, selava as cartas, depositava-lhes o dinheirinho. As pessoas confiavam-me tudo. Pediam-me para levar encomendas, tratar de vales, telegramas. Evitavam de ir eles a pé até à estação. Havia muita gente que não sabia ler e nos pedia que lhes lêssemos as cartas. Mas era proibido. Nós não podíamos fazer isso.»

A julgar pelo sorriso, o Sr. Joaquim terá feito letra morta da proibição.

«As pessoas confiavam no carteiro, convidavam-no para almoçar e para as festas. O carteiro era uma figura pública. Pediam-lhe para enviar encomendas pelo Natal, sabe, uns chouriços, umas castanhas, os mimos do tempo. Naquele tempo não havia publicidade. Era tudo correio selado, não havia máquinas de franquiar, por isso eu andava sempre com uma carteira de selos. Havia quem fizesse colecções de selos e pediam-nos se lhes arranjávamos selos carimbados (só assim é que tinham valor).»

odete ferreira, aqui

___

* da canção 'O carteiro', de António Mafra.

JARDIM DE PALAVRAS (2)

Há um jardim, na rua 18 de Fevereiro, que fala. Ali plantam-se cartazes e florescem palavras como já demos nota. (Aqui)


A casa ainda espera por pintura mas na sua frente brilha um pequeno mas cuidado jardim. É um espaço comum porque tem flores, plantas, vasos e pedrinhas brancas. Mas é  diferente de todos os outros porque exibe, em pose de peça de arte, objectos como alguns troncos de árvore, dois arcos de um tonel e um garrafão de vinho. O tema do vinho está presente na decoração mas também nos últimos cartazes. Sim, tal como as flores, que após algum tempo murcham, também os cartazes se finam sendo substituídos por outros. O plantio de novos cartazes é outra das características deste especialíssimo jardineiro.


Em letras douradas num fundo vermelho, balançando entre os arcos de ferro, surge a primeira lição, sapientíssima:

“TODO O VINHO NOS CAI BEM. AO CAIR É QUE CAÍMOS MAL.”

Num cartaz de maior dimensão outra frase se impõe. Esta não só nos interpela como nos propõe um jogo. Quer que adivinhemos algumas letras que estão em falta. Ao completarmos a frase, ao envolvermo-nos no jogo, deparemos com um pensamento transpirando  álcool e poesia:

“SOMOS TODOS MORTAIS, ATÉ AO PRIMEIRO BEIJO E AO SEGUNDO COPO DE VINHO.”

No mesmo estendal, logo ao lado, surge um comentário mais prosaico. Se tomarmos o cartaz anterior por um girassol este poderá ser um amor-perfeito:

“A CORTESIA É COMO O AR NOS PNEUS, NÃO CUSTA NADA MAS TORNA A VIAGEM MAIS CONFORTÁVEL.”

De palavras se vai fazendo este jardim. Iremos dando notícia de futuras  plantações.

BC

23 de janeiro de 2011

PRESIDENCIAIS: Resultados de Bustos

Resultados das eleições presidenciais em Bustos
            Mesa 1 

- Cavaco Silva: 586      
- Defensor de Moura: 6  
- Francisco Lopes: 10
- José M. Coelho: 12
- Manuel Alegre: 63
- Fernando Nobre: 62

- Eleitores: 1220
- Brancos: 11
- Nulos: 8

         Mesa 2

- Cavaco Silva: 254
- Defensor de Moura: 4
- Francisco Lopes: 4
- José M. Coelho: 18
- Manuel Alegre: 32
- Fernando Nobre: 85

- Eleitores: 1214
- Brancos: 23
- Nulos: 8
*
No total das 2 mesas, Cavaco Silva soma 840 votos, Fernando Nobre 147, Manuel Alegre 65, José Manuel Coelho 30, Francisco Lopes 14, e Defensor de Moura 10.

DÉBORA SANTOS MEDALHA DE PRATA



DÉBORA SANTOS MEDALHA DE PRATA

Débora Santos, atleta residente em Bustos, que representa o Sport Lisboa e Benfica, conquistou este domingo de manhã a medalha de prata, na prova de 3.000m, dos campeonatos nacionais de juniores de pista coberta, disputados em Pombal.

Para além da classificação obtida, Débora estabeleceu o seu novo record pessoal, fixado agora em 10min15seg37, apesar de a prova ter sido táctica e resolvida ao sprint entre as 3 primeiras classificadas na última volta de corrida. Apenas um segundo de diferença separou a vencedora que foi a atleta Susana Godinho (SL Benfica) da 3ª classificada, que foi Catarina Carvalho (UD Zona Alta).


A uma semana de disputar a taça dos campeões europeus de corta-mato, que se disputará em Itália este foi um bom teste para a atleta bairradina, que tem no corta-mato o seu terreno de eleição.

Ricardo Esteves: texto e imagem

Eleição presidencial' 2011











21 de janeiro de 2011

JARDIM DE PALAVRAS




Nem em todos os jardins encontramos flores. No centro de Bustos há uma casa que nos interpela com quadras e pensamentos engraçados. Ali plantam~se cartazes, florescem palavras.

19 de janeiro de 2011

AMARAL DOS REIS PEDREIRAS

Esta Gente

Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco
Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis
Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre

Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome
E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada
Meu canto se renova
E recomeço a busca
Dum país liberto
Duma vida limpa
E dum tempo justo
Sophia de Mello Breyner







Nota de rodapé:

Os homens que morrem não partem sozinhos. Alguns levam com eles um tempo, uma época das nossas vidas. Eles morrem e um pedaço de nós parte com eles. Vai-se para todo o sempre.

Chorando a morte dos outros choramos também a nossa, que vai acontecendo assim, aos bocadinhos.

Vamos falecendo em cada morte que nos toca, que nos marca.

B.C

18 de janeiro de 2011

AMARAL REIS PEDREIRAS: A Democracia ficou mais pobre


Faleceu esta madrugada o nosso conterrâneo Amaral Simões dos Reis Pedreiras.
Nascido a 3 de Março de 1927, o grande Amaral nunca foi agarrado ao poder. Dizia mesmo que nunca foi político.
Mas há uma coisa que sempre foi: um cidadão íntegro, um lutador pela Liberdade e um defensor dos valores da Terra e da Família.
A modéstia e a discrição dominavam a sua postura e o seu discurso perante o mundo e a vida.
Não há muito tempo, o Amaral falava-me do tempo em que esteve preso e foi torturado nos cárceres da odiosa PIDE, corria então o ano de 1966. O tom de voz e o brilho dos seus olhos não denotavam qualquer rancor ou espírito de vingança.
O Amaral era assim: um verdadeiro democrata.
O seu funeral realiza-se amanhã, em hora a designar.
Até sempre, Amaral!
__
- São vários os textos no NB sobre o Amaral. O link que segue conta muito da sua vida e pode ser consultado AQUI.
__
- Adenda: o funeral sai amanhã da casa mortuária de Bustos, pelas 16H00.

16 de janeiro de 2011

UNIÃO DESPORTIVA DE BUSTOS - FC LUSO: ANDRÉS VALE LESIONADO. Assistido no Hospital de Aveiro


A breves momentos de cair o pano do jogo UDB – FC Luso, Andrés Vale contrai uma lesão na perna (?) direita ao disputar a bola em jogada aparentemente normal. Perante a manifestação de dor, o jogo foi imediatamente interrompido e o jogador prontamente assistido pelos massagistas das duas equipas. Um gesto a registar.

A ambulância dos Bombeiros de Oliveira do Bairro conduziu o paciente ao Hospital de Aveiro. A mãe do Andrés não foi autorizada a seguir na ambulância para acompanhar o filho. É a «lei», dizem.

Rápidas melhoras e breve regresso aos jogos.

Resultado feito no 2º tempo. UD Bustos – FC Luso: 0-1

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Em tempo - O Andrés sofreu rotura de ligamentos, segundo informação do Clube.

Andrés Vale, conhecido por Coelho.

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13 de janeiro de 2011

Pintura de Henrique do Vale na olga santos galeria - a partir de 14 de Janeiro


inauguração sexta - feira, dia 14 às 21h30
"patente até 26 de Fevereiro"
créditos para Guia da Baixa no Porto aqui

BUSTOS DO ATLETISMO (3) ... EM BRAGA




Provavelmente a imagem localiza-se em Braga.
Mais uma foto a que faltam dados que contribuam para a montagem do puzzle da vivência do Atletismo que existiu em Bustos.
autor da foto: desconhecido, por enquanto.
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NE. São desejáveis informações reportadas à foto, para além da legenda.

12 de janeiro de 2011

PARABÉNS JOAQUIM BRITES!

Sinto um orgulho profundo por esses portugueses que correram o mundo em busca de um futuro melhor. Admiro a coragem, a força, o empenho, e a luta de gerações de emigrantes. Hoje, dia em que um deles, Joaquim da Rocha Brites, completa 89 anos, cheios de força e boa disposição, aproveito para homenagear um brasileiro de Bustos, um português do Brasil.


 
Esta é a breve história de um rapaz que nasceu no lugar do Cabeço, freguesia de Bustos. Naquele dia, 12 de Janeiro de 1922, Clementina Simões dos Reis deu à luz um menino para alegria e orgulho do pai, João Maria da Rocha Brites. Era quinta-feira, tendo a criança recebido o nome de Joaquim Francisco Pedreiras.
Portugal vivia tempos de grande crise, circunstância que terá ajudado à falência paternal que viu propriedades e bens serem vendidos em hasta pública. Valeram-lhe os avós nesse tempo de amargura e penúria. Primeiro abrigou-se em casa da avó, no Tabuaço depois, por volta de 1934, foi viver com o avô, António da Rocha Brites, no lugar das Cabecinhas, freguesia do Calvão.

 O Astúrias  num postal da época

Corria o ano de 1936 quando uma carta vinda do Brasil veio mudar a vida do nosso Joaquim, abrindo-lhes as portas de um novo país, um outro futuro. Com 13 anos, os olhos arregalados de espanto, entrou em Lisboa, num barco chamado Astúrias, e onze dias depois aportava a Santos deixando para trás um continente que em breve seria dilacerado por uma guerra insana.
Foi o mudar de vida, o mudar de sorte, o mudar de nome.
 A carta de chamada estava assinada pelo tio, Adelino da Rocha Brites, homem de visão, agricultor e empresário que começou por mandar o rapaz fazer os estudos essenciais, primeiro a escola primária depois o curso de contabilidade.
O estudo e o trabalho levam-no a administrar os negócios familiares, dando início a uma carreira de gestor que, entre 1945 e 1960, o levou gerir as actividades da associação de agricultores que, na cidade de Santos, tratava da recolha e exportação das bananas para o mercado internacional. 


Veio o casamento com Deolinda Brites, vieram três filhos, Sérgio, Eduardo e Pedro. Abriram-se as grandes avenidas da vida.
Explora as primeiras fazendas, dedica-se à produção e exportação de bananas, faz fortuna.
Já lá vai o tempo de colheitas que ultrapassavam as 50 mil caixas, mas continua ligado à paixão dos bananais. Ligado a muitas paixões, à paixão pela família, pelos amigos, pelas coisas boas e saborosas desta vida. Continua ligado a Portugal e a Bustos, visitando-nos constantemente. Joaquim da Rocha Brites é bem mais do que um exemplo, é uma força da natureza. Quem nas vésperas de cumprir 89 anos se mete numa casca de nós e enfrenta durante horas a dureza do mar, só pelo prazer de uma pescaria, é seguramente um caso de estudo. Um caso de espanto!

Belino Costa

11 de janeiro de 2011

COIMBRA ABRE CAMPANHA COM DISTINÇÃO «BIBLIOTECA DE BUSTOS: "50 ANOS - 50 LIVROS"»

As diversificadas ofertas começaram a chegar ao Largo da Igreja Velha, algumas enriquecidas com dedicatórias dos autores revelando a sua simpatia pelos bustuenses.

A todos, os leitores agradecem!

( N. E. - irão surgir a lume dedicatórias que sensibilizarão os bustuenses).

8 de janeiro de 2011

CORTEJO DOS REIS (MEMÓRIA)




Registo fotográfico (autores desconhecidos) de cortejos do dia de Reis realizados em Bustos ao longo dos anos 50 e 60 do século XX. Julgamos que será possível identificar alguns rostos, pelo que solicitamos a colaboração dos leitores.

Em tempo:

Recebemos de Franklin Pinto, emigrante californiano, filho  de Evaristo Pinto a seguinte informação:
Na primeira fotografia o rei central é o Anacleto, guarda redes do Bustos. Terceira: À frente é a filha do Adriano Alfaiate, que emigrou para o Canada e atrás, vestida de preto, a filha do Lindinho da Barreira. Quarta foto: Em baixo e à direita do padre Vidal, o miudo e o Cipriano Nunes. Logo atrás do padre, parece o professor Domingos, seguido pelo Hilário (filho do sacristão). Quinta foto: A segunda rapariga é a Celeste Nunes, irmã do Cipriano, seguida pela prima do Feliciano Luzio. Conhecia o irmão pelo nome de Barroco, viviam junto ao Pinto da Barreira. Atrás dela creio que é a irmã do Joao Augusto (da loja). Na última fotografia: O Cesar Rodrigues, do Cabeço, mais tarde com casa em frente a Igreja nova, junto à casa feita pelos pais do Sérgio Ferreira.

Milton Costa – NA GALERIA DAS “FIGURAS DO ANO 2010” … (1)

Milton Costa (de Bustos) é uma das FIGURAS DO ANO de 2010 destacadas pelo Jornal 'Campeão das Províncias'. Eis o seu fundamento:

Professor catedrático da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), acaba de assumir funções dirigentes na Comissão Internacional para a Exploração do Mar Mediterrâneo (CIESM) [2], uma organização intergovernamental que está sediada no Mónaco e é presidida pelo príncipe Alberto. O organismo reúne actualmente 23 países, entre os quais, Portugal, Espanha, Itália, França, Suíça, Alemanha, Israel, Síria, Egipto e Argélia e a direcção está estruturada em seis comités científicos, com o investigador de Coimbra a dirigir o de Microbiologia Marinha e Biotecnologia. Milton Costa elege como prioridade do seu mandato, de três anos, “disseminar e intensificar a investigação na área dos microrganismos extremófilos (que crescem e se reproduzem em condições extremas, com níveis extraordinariamente altos ou baixos de temperatura, sal, acidez, etc.) porque estes enigmáticos seres vivos produzem enzimas e produtos com um enorme potencial biotecnológico, em campos tão diversos com a saúde, agricultura e poluição, entre muitos outros”. O professor de Coimbra preside, também, à Federation of European Microbiological Societies, que reúne investigadores de 36 países europeus.

22 DE JULHO DE 2010

__________________

(1) Campeão das Províncias, Figuras do Ano, 30-12-2010

[2] Parabéns ao Cientista e ao Cidadão Milton Costa. Para quando a atribuição da Medalha de Ouro do Município?

A participação na CIESM está em Óscar Santos, “Milton Costa: o mar mediterrâneo também é de Bustos”, NB, 21.07.2010. consultar aqui.

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7 de janeiro de 2011

ASSEMBLEIA DE FREGUESIA DE BUSTOS, 29.12.2010 – UM OLHAR ...

A última sessão do ano de 2010 da Assembleia de Freguesia, iniciada às 20 horas do dia 29 de Dezembro, conforme convocatória, mereceu as seguintes notas de Sérgio Pato:

. O PS não se fez representar nesta sessão.
. Entre o público – que não atingiu a dezena – encontrava-se António Mota, líder Municipal do PSD.
. A primeira "crispação” foi protagonizada por pergunta de Regina Alves (PSD) sobre uma afirmação da filha de Fernando Grangeia, [Miariam, CDS] aos alunos no colégio na festa de Natal. "Quem manda em Bustos?”
. O presidente da Junta de Freguesia deu a entender que "não sabia de nada”. Houve alguma troca de vocabulário entre ambos.
. Foi apreciado o desvio de trânsito pesado e sinalização junto ao Café Pião, Azurveira.
. O nome da Travessa Cabeço de Pêgas "é para manter”.
. O Presidente da Junta de Freguesia falou na compra de terrenos em falta no parque pela Câmara Municipal.
. David Arroz [PSD] propôs que fosse dado o nome de Hildebrando Veiga ou Hilário Costa à Rua Depósito da Água.
. Obras para saneamento arrancam durante o mês de Janeiro.Empresa Scarp e Adra.


Intervenção público:
.Belinquete - "Só há festas e nada mais se faz em Bustos".
.Jorge Grangeia veio em defesa do presidente da Junta de Freguesia e disse a Belinquete que o seu lugar era de deputado, mas "tinha fugido”.
.Prf Milton falou num boato (…) em que o pai, Hilário Costa, terá deixado escrito que não quereria o seu nome em nenhuma rua, desmentindo categoricamente".

5 de janeiro de 2011

OU REIS OU MAGOS, MAS NÃO REIS MAGOS


O Cortejo do Reis Magos realiza-se novamente este ano em Bustos.
É uma bela tradição à qual gosto de assistir tanto agora, como quando era garoto. Lembro-me bem de assistir ao ponto alto do Cortejo, no largo da Feira, quando Herodes aparecia à janela da saudosa Junta de Freguesia e nós gritávamos “Oh Herodes, Herodes, vê lá se …”.

O problema é que os Magos não eram Reis, pois naquele tempo, ou se era Rei ou se era Mago, mas nunca Rei Mago e não sabemos quantos foram visitar Belém.
As narrativas do nascimento de Jesus aparecem em dois dos quatro Evangelhos. Os Evangelhos atribuídos a Mateus e a Lucas descrevem o nascimento de Jesus, mas estas narrativas são muito diferentes (para não dizer totalmente diferentes) e a história dos Magos só é descrita em Mateus:



Os Magos do Oriente - 1Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, chegaram a Jerusalém uns magos vindos do Oriente. 2E perguntaram: «Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo.» 3Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes perturbou-se e toda a Jerusalém com ele. 4E, reunindo todos os sumos sacerdotes e escribas do povo, perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. 5Eles responderam: «Em Belém da Judeia, pois assim foi escrito pelo profeta: 6E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as principais cidades da Judeia; porque de ti vai sair o Príncipe que há-de apascentar o meu povo de Israel.» 7Então Herodes mandou chamar secretamente os magos e pediu-lhes informações exactas sobre a data em que a estrela lhes tinha aparecido.8E, enviando-os a Belém, disse-lhes: «Ide e informai-vos cuidadosamente acerca do menino; e, depois de o encontrardes, vinde comunicar-mo para eu ir também prestar-lhe homenagem.»9Depois de ter ouvido o rei, os magos puseram-se a caminho. E a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles, até que, chegando ao lugar onde estava o menino, parou.10Ao ver a estrela, sentiram imensa alegria; 11e, entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, adoraram-no; e, abrindo os cofres, ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra.

Durante as minhas incursões na história da Pérsia antiga aprendi alguma coisa sobre os magos e o que eles representavam, e durante as minhas incursões na interpretação do Novo Testamento aprendi como é que a tradição dos “Três Reis Magos” chegou até nós apesar do evangelho de Mateus não dizer quase nada sobre estes Reis Magos vindos do Oriente, isto é, da Pérsia.
O Herodes da narrativa de Mateus é Herodes,o Grande, elevado a Rei da Judeia por Octaviano César Augusto e que morreu no ano 4 AEC (Antes da Era Comum, vulgo AC, Antes de Cristo). Este Herodes não gostaria, como seria natural, que houvesse outro Rei da Judeia (ou dos Judeus) e usou os magos vindo do Oriente para encontrar e matar o Menino.




Os Magos, por sua vez, pertenciam à casta sacerdotal em que tinha nascido séculos antes Zoroaster (Zaratusthra), profeta da religião conhecida como Zoroastrismo e que ainda hoje existe entre alguns crentes que vivem no Irão e descendentes de iranianos na região de Bombaim (Mombai) na India.
Os magos foram sacerdotes do Zoroastrismo durante séculos e eram lembrados como astrólogos. E daí, suponho eu, a famosa “Estrela de Belém” que nenhum astrónomo consegue explicar.
Da palavra mago deriva a palavra mágico porque os Gregos da Antiguidade consideravam-nos feiticeiros. Aliás, até o Novo Testamento, em Actos dos Apóstolos, fala em Simão Mago(feiticeiro). Este é o mesmo Simão Mago que lutou com Simão Pedro no texto apócrifa chamado Actos de Pedro que foi escrito por volta de 250 DEC.
O número e o nome dos Magos vêm pela primeira vez escritos (que se saiba) num texto em Grego por volta de 500 DEC, do qual resta só a versão em Latim intitulado “Excerpta Latina Barbari” que diz “No tempo do reinado de Augusto, no dia 1 de Janeiro, os Magos trouxeram-lhe prendas e adoraram-no. Os nomes dos Magos eram Bithisarea, Melichior and Gathaspa”. Alguém deduziu que eram três os Magos porque as prendas eram três; ouro, incenso e mirra. Os nomes terão vários significados e origens.
O título de Reis (Magos) vem provavelmente de Isaías 60 (6A multidäo de camelos te cobrirá, os dromedários de Midiä e Efá; todos viräo de Sabá; ouro e incenso traräo, e publicaräo os louvores do Senhor) e do Salmo 72 (10 Paguem-lhe tributo os reis de Társis e das ilhas; os reis de Sabá e de Seba ofereçam-lhe dons.1Todos os reis se prostrem perante ele; todas as nações o sirvam.). Quem lê o Evangelho de Mateus nota certamente que Jesus cumpre constantemente profecias do Antigo Testamento, mesmo que seja aparentemente impossível fazer a ligação da profecia com Jesus. Eu faço a ligação se Isaías 60 e o Salmo 72 consideram que Jesus é Rei. E o título de rei pode, como diz o texto de Mateus, ser interpretado como Messias (em Hebraico) ou Cristo (em Grego).
E foi este título que levou Jesus à cruz e como todos sabemos lia-se (Jesus Nazareno Rei dos Judeus) no “titulus” pregado na cruz de Jesus.
O resto fica para outra vez, talvez para a Páscoa.
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Bibliografia:
Ehrman, B. D. (2008) The New Testament. A Historical Introduction to the Early Christian Writings. Oxford University Press.
Hicks, J. (1979) The Persians. Time-Life International.
Olmstead, A. E. (1948) History of the Persian Empire. University of Chicago Press.Vermes. G. (2007) The Nativity: History or Legend. Penguin.
Nova BÍBLIA SAGRADA dos Capuchinhos (2000) 2d Edição. Difusora Bíblica
Fonte das imagens aqui e aqui