31 de julho de 2009

Construção da igreja de Bustos - apontamentos soltos

As Festas Laurentinas de Bustos ’2009 têm o condão de fazer uma viagem aos passados. De sonho. De sacrifício. De luta. De aventura. De arrojo. De entrega. De coragem…De construção.
O sacrifício do Diácono Lourenço de Huesca e a igreja de S. Lourenço de Bustos estão a ser revisitados. Por vários ângulos.
As festas de Bustos em honra da S. Lourenço ficam associadas, pelo menos, ao reconhecimento da influência de Mário Martins (dos Penedos) na opção da escolha dos Fusos Cerâmicos na construção da igreja.
Sobre a igreja e os materiais usados, o Arq.º Rocha Carneiro escrevia: “Para que a Igreja surgisse económica, todo o material das estruturas foi aproveitado e bem tratado no seu acabamento para que posto à vista os espaço limitado em todo o seu conjunto surgisse equilibrado no volume e na cor.

Fugindo ao supérfluo, a Igreja surgiu …” (Jornal da Bairrada, 21.09.2000).

Tarda o aparecimento de história(s) da construção da igreja de Bustos. Há um vasto campo para os historiadores darem uso à sua enxada. O que tem vindo a lume raramente ultrapassa os depoimentos que por vezes se revelam imprecisos – compreensivelmente as memórias nem sempre são fiéis.

Para marcar presença nas festas laurentinas, esboço uns leves apontamentos sobre uma pequena parte do atribulado percurso da ideia da nova igreja, antes de chegar ao Corgo.

Os compartes da comissão das festas são merecedores de aplauso. O momento é de festa para os católicos e para mais. Aproxima-se o dia do lançamento da 1ª pedra da igreja. Aconteceu a 9 de Agosto de 1959.

Apontamentos soltos – a construção da igreja de Bustos , antes de chegar ao Corgo

A euforia havida pelo anúncio da entrada de Bustos no ‘clube das freguesias’ em 18 de Fevereiro de 1920 e confirmada pela eleição da primeira Junta de Freguesia em 9 de Maio seguinte, não teve correspondência imediata na comunidade católica. A desanexação da paróquia da Mamarrosa perduraria por mais cinco anos.
Seguindo o Correio do Vouga, 4.12.64 (1), o decreto da criação de paróquia (10.03.1925), o Bispo-conde da Diocese de Coimbra já muito recomendava “que procurem construir uma igreja nova que seja digna dum povo tão rico e laborioso, …”. A influência do Dr. Manuel dos Santos Pato, junto do bispado foi determinante para que a Bustos fosse reconhecido o seu direito de ter paróquia, segundo dizia a voz que atravessou o tempo.
A reacção dos monárquicos ao novo regime instaurado no 5 de Outubro de 1910, fortemente alimentada por dignitários da Igreja, a implantação da medida revolucionária da instauração obrigatória do registo civil, a forte contestação da Igreja à aplicação da lei republicana da separação Estado-Igreja e o interdito da Banda Escolar do Troviscal alimentaram a chama do anti-clericalismo local que poderá ter fortemente contribuído para travar a vontade dos paroquianos em fazer cumprir o desejo expresso no decreto assinado por D. Manuel Luís Coelho da Silva – a construção de uma “igreja nova”.
Acresce também que o termo de Bustos quando alcançara o estatuto de freguesia era carente de equipamento social primário há muito reclamado: a escola primária, a estação telégrafo-postal, as fontes com os lavadouros. As estradas eram caminhos intransitáveis em época das chuvas. O cemitério estava em fase de ampliação.
E a modesta capela de S. Lourenço, plantada bem no centro de Bustos, parecia camuflar a apatia da comunidade católica. A estrutura do edifício da recém-promovida igreja ia desenvolvendo sinais de forte degradação.
Entretanto a onda de renovação das igrejas estava a chegar à Diocese de Aveiro – restaurada pela bula Omnium Ecclesiarum, de 24-08-1938. http://www.diocese-aveiro.pt/showpg.asp?pgid=4
… E a “recomendação” expressa na carta da autonomia religiosa continuava por cumprir.
Até que,...
... O P. António Gonçalves Pereira, que fora nomeado nos finais de 1952 pároco em acumulação das Paróquias de Troviscal e de Bustos, congrega apoios sólidos no diversificado espectro bustuense e entra na aventura da construção da nova igreja de Bustos.
Assim, em 22-XII-19[5]3 (2), o P. Gonçalves Pereira compra por sessenta contos ‘os casarões’ que foram do Visconde de Bustos. Este espaço prolongava para sul o território da igreja velha pelo lado sul.
A futura igreja tinha terreno por onde se estender. Ficaria no mesmo sítio.
Julgava-se…
___
(1) – Correio do Vouga, O Povo fez a Igreja e a Igreja uniu o Povo, 4.12.61 - entrevista P. Vidal)
(2) – Jornal da Bairrada, Notas para a História da Nova igreja de Bustos (P. Vidal).
(*) Provavelmente Arsénio Mota é autor da fotografia da igreja velha que ilustra os “apontamentos…” e que está publicada em “Bustos – elementos para a sua história”, de sua autoria. AM possui um acervo fotográfico que não é desprezar. Desde muito novo recolheu instantâneos de Bustos. É mais um património que urge preservar.

Agradecimentos. Às publicações citadas. Aos autores das ilustrações. Ao serviço bibRIA – Biblioteca Digital dos Municípios da Ria.

sérgio micaelo ferreira

30 de julho de 2009

S. LOURENÇO: as Festas estão à porta

O cartaz do 1º evento dos festejos, que vai ter lugar no dia 8, está neste momento a ser distribuído. E tem o apoio da Câmara Municipal, o que não consta da imagem supra.
Entretanto, fomos recebendo novos apoios e adesões, como a de Monsenhor João Gonçalves Gaspar, da diocese de Aveiro, que concelebrará a missa.
Não faltarão surpresas: inicialmente indeferida, estará presente uma pequena força a cavalo da GNR. A apresentação do trabalho do Li sobre a "Capela dos Ferreiras" (ex- Dr. Santos Pato) será enriquecida por uma mostra fotográfica e de trajes antigos, que serão exibidos por gentes de Bustos. E confirma-se o momento musical de que falei no texto do passado dia 23, a cargo da violoncelista Raquel Reis.
Mas custa tanto remar contra a maré dos hábitos instalados e do comodismo!
A ver se Bustos acorda...
E se, de uma vez por todas, as pessoas percebem que a Igreja de Bustos nos pertence a todos: aos que nela entram em busca da fé e aos que a contemplam de fora e a visitam, orgulhosos do património - humano, histórico e arquitectónico - que ela representa.

28 de julho de 2009

FUSOS CERÂMICOS DA IGREJA DE BUSTOS. UMA IDEIA DE MÁRIO MARTINS – 3 (CONCLUSÃO)

FUSOS CERÂMICOS DA IGREJA DE BUSTOS. UMA IDEIA DE MÁRIO MARTINS – 3 (CONCLUSÃO)

Iniciada a visita à Fábrica, airosamente edificada com os tais fusos cerâmicos, fomos muito bem recebidos pelo Sr. Major Eng.º Ramires e um outro Engenheiro, técnico de cerâmica e responsável pela produção.
Como o Sr. major Ramires, além de ser oficial de Engenharia, era também engenheiro civil.
O Sr. Eng.º Pato sentia-se em casa e mostrou-se encantado com o resultado dos fusos cerâmicos em obra feita… O Sr. Padre Vidal era um homem feliz. Como se tornara lindo o brilho dos seus olhos! E como era eloquente o silêncio do Sr. Vieira!
Terminara a visita à parte fabril, dirigimo-nos até ao Gabinete Técnico onde o Sr. Eng.º Pato mostrou o projecto da Igreja. Estendidos vários desenhos em cima de um grande estirador, o Sr. Major Ramires, após troca de opiniões técnicas, disse que, caso optassem por aquele tipo de material, todo o projecto seria adaptado lá no Gabinete, sem qualquer encargo para o Sr. Padre, com excepção da estabilidade que era da responsabilidade do Sr. Eng.º Pato.

Seguidamente visitámos o Grémio da Lavoura de Abrantes, uma vivenda do Sr. General Godinho, no Tramagal e outros edifícios que deixaram maravilhados o Sr. Padre Vidal, o Sr. Vieira e até o Sr. Eng.º Pato que se mostrava uma pessoa satisfeita e que modificou por completo o ar sisudo que o tinha acompanhado alguns tempos antes.



A tarde já ia adiantada e o citroen de dois cavalos rumou até Bustos.


Decorridos alguns dias, passei pela Neo-Cerâmica onde contactei com o Sr. Major Ramires que me informou estar tudo combinado com a equipa de Bustos e que já iam enviar o material. E mais ainda: que mandavam um técnico com operários da Fábrica e vários outros materiais indispensáveis à colocação perfeita dos fusos. Além disso, acrescentou aquele Major, que já tinha dito ao Sr. Padre Vidal que não se preocupasse com o pagamento, pois só liquidaria a conta quando obtivesse o dinheiro.
Foi este, mais ou menos, o meu modesto contributo para a construção da Igreja de Bustos
Penedos, 24 de Julho de 2009
a) Mário Martins


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Nota do editor:
Da bibliografia conhecida e de conversas havidas com intérpretes da aventura da construção da igreja, foi sempre estabelecido um elo de ligação do P. Vidal com militares no aparecimento da novidade, a aplicação dos fusos cerâmicos em substituição do betão. Os contornos como foi processado o encontro foram cobertos pela poeira do esquecimento que atingiu os protagonistas do Gabinete do Eng.º Néu Pato, Águeda.

Ao navegador Mário Martins que "trouxe" os fusos cerâmicos para Bustos. Um bem-haja.

A edição do depoimento só foi possível graças ao apoio de Arsénio Mota; Maria Prazeres; JoaQuim Tavares. Só as cumplicidades de Alberto Martins, Isaura Vieira, Maria Prazeres e Sérgio Pato permitiram ilustar a 3ª parte do depoimento de Mário Martins.

Um agradecimento pelo empréstimo das imagens.

sérgio micaelo ferreira
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No comentário de Luís Sirgado que NB agradece, está: " Das pessoas que referenciam já faleceu o Sr. Eng. Vasco Ramires e o Sr. Eng. Luís Bairrão ainda vive em Tramagal."

27 de julho de 2009

FUSOS CERÂMICOS DA IGREJA DE BUSTOS. UMA IDEIA DE MÁRIO MARTINS - 2

Prossegue o depoimento de Mário Martins.
(a partição do trabalho é da responsabilidade do NB)


...

No dia seguinte, logo de manhã, já o Sr. Padre Vidal estava nos Penedos, junto à minha casa. Recebi-o e fiquei surpreendido e honrado com a visita. Perguntei o que desejava e ele respondeu: “Sabe que nem dormi e nem sei como hei-de falar com o Sr. Eng.º Pato sobre aquilo que me disse ontem. Se o Mário fosse a Águeda comigo e lhe explicasse …”
Logo respondi que iria lá com ele, mas que antes, daí a uns 15 dias, queria trazer do Tramagal alguns fusos cerâmicos para lhes mostrar a ele e ao Sr. Engenheiro.
Um ou dois dias depois, segui com a família de regresso ao Tramagal.

Passado pouco tempo, recebi um telefonema do Sr. Padre Vidal dizendo-me que já tinha falado com o Sr. Engenheiro e que este ficara perturbado e que até havia ralhado e barafustado. E que dissera que aquele projecto só se podia executar conforme estava planeado. Mas acrescentou o Sr. Padre que o Sr. Engenheiro acabou por se acalmar e que até lhe falara que não conhecia os tais fusos cerâmicos. Tomei então a iniciativa de perguntar ao Sr.Padre se desejava que eu lhes proporcionasse uma visita à Fábrica dos fusos e até a algumas outras construções onde se tinha aplicado aquele material. Pensava eu que o Sr. Eng.º Pato, como profissional competente e amigo da sua terra, iria decerto mudar de opinião,o que na verdade veio a acontecer.
O telefonema terminou com o agradecimento do Sr. Padre Vidal que todavia ficara com dúvidas em relação à sua ida ao Tramagal.
A partir daí, comecei a sentir-me cada vez mais ligado a todo o processo. Fui à Fábrica, falei com os sócios gerentes, Major Eng.º Ramires e Eng.º Agr.º Luís Bairrão[?]. Foram bastante receptivos; puseram-se totalmente à minha disposição, não só para a visita, como até para colaborarem, se fosse preciso, uma vez que seria a primeira Igreja a ser construída com fusos cerâmicos.
Após troca de alguns telefonemas com o Sr. Padre, marcou-se a visita.
Certo dia, encontrava-me eu numa aula no Campo Militar de Santa Margarida onde prestava serviço, quando fui informado de que à porta do Quartel estava um padre e mais dois Senhores para falarem comigo e que vinham num citroen de dois cavalos.
Fui ao encontro deles e senti-me por momentos em Bustos, ao ver aquele Padre cheio de entusiasmo, o Sr. Eng.º Pato muito cordial, cheio de genica, um autêntico atleta e o Sr. Manuel Vieira, calmo, moderador, humilde, pouco falador e de fino trato.
Dado que se aproximava a hora da refeição, convidei-os para almoçarem comigo na messe. Como não aceitaram, fomos comer ao Tramagal, no lugar do Crucifixo, num Restaurante próximo da Fábrica Neo-Cerâmica que iríamos visitar no fim do almoço.

(continua)
- em revisão -

26 de julho de 2009

FUSOS CERÂMICOS DA IGREJA DE BUSTOS. UMA IDEIA DE MÁRIO MARTINS - 1


Quis a circunstância vir acompanhada com ventos favoráveis ao conhecimento de um significativo episódio que trouxe mais leveza à igreja-edifício. Desde 29.01.1964, o autor da reviravolta na edificação da igreja estava semi-escondido nas minúsculas linhas da entrevista concedida pelo P.e Vidal e publicada no Jornal de Notícias. O "Notícias de Bustos" "descobre" Mário Martins e coloca o seu nome na merecida galeria dos notáveis ao lado dos que ajudaram a criar um monumento que dignifica as gentes de Bustos.

Para recordar a viragem provocada pela adopção dos fusos cerâmicos em detrimento do betão, irá ser publicado um depoimento do autor dessa mudança.
Um obrigado a Mário Martins.


Vamos ouvi-lo:

“E, agora, já que estamos a falar de colaboradores, não posso esquecer o sr. Sargento Mário Martins, actualmente em serviço em Angola, a quem devo o emprego dos fusos cerâmicos, que tão linda fizeram a igreja, e a Empresa Neo-Cerâmica do Tramagal, que ajudou os trabalhos e cálculos e nos mandou logo o material e um técnico, embora só agora vá receber o respectivo pagamento.”… [A Nova Igreja de Bustos – uma premente necessidade vai ser uma consoladora realidade]
(Excerto da entrevista do Prof. Manuel Pires ao  Padre Vidal, pároco de Bustos,
e publicada no Jornal de Notícias de 29.1.1964)
...

Eis o depoimento de Mário Martins para o NB:
A propósito desta entrevista, foi-me pedido […] um testemunho sobre este assunto relacionado com a construção da actual Igreja.
Faço-o com gosto, dado que, desde a primeira hora, vivi com muita paixão todo o desenrolar do processo.

Por volta de 1960 fui convidado pelo Sr. Padre Vidal para ir com ele à Igreja velha, pois queria mostrar-me a maqueta da nova Igreja que ia ser construída. Acertou-se o dia e lá fomos. É indescritível o entusiasmo daquele sacerdote. A forma como me mostrou e explicou ao pormenor aquela pequena obra de arte que representava o que viria a ser a rara e majestosa construção que é hoje a nova Igreja de Bustos, é bem prova disso.
Admirei o que vi. O Sr. Padre Vidal falou-me que era uma obra muito cara, iria custar mais de mil contos, mas que tinha toda a esperança nas pessoas de Bustos.

Foi ali que, olhando para o volume daquela obra, sugeri ao Sr. Padre que, em vez de todo aquele betão, toneladas de ferro e cimento, se poderiam usar fusos cerâmicos. Estes fariam baixar o preço e o peso da estrutura das abóbadas, pois nem sequer necessitavam de reboco e pintura; apenas levariam verniz e que dariam um efeito leve e gracioso, diferente de tudo o que era conhecido em tais construções.

O Sr. Padre Vidal olhou para a maqueta, olhou para mim e disse: “Amigo Mário, nunca ouvi falar em tal coisa (Eu já tinha esclarecido que os tais fusos eram fabricados numa empresa do Tramagal, concelho de Abrantes, onde à data eu morava) e o Sr. Eng.º Pato nunca vai aceitar fazer a Igreja com essas botijas ou lá o que é, pois ele até já me falou na quantidade de cimento e ferro que será necessário”.

A visita ficou por aqui; agradeci e despedi-me, mas notei que este meu amigo sacerdote ficou um pouco confuso e baralhado.

(continua)

23 de julho de 2009

S. LOURENÇO: AS FESTAS DE BUSTOS

Desde a 1ª hora, foi preocupação da numerosa comissão organizadora imprimir aos festejos um cunho que não se ficasse pela matriz de sempre: arraial, procissão e pouco mais. Apesar do grande empenhamento e espírito de sacrifício das anteriores comissões, o nosso Grupo de Cantares de Bustos vinha sendo uma espécie de pérola atirada a um arraial gasto e repetido.
Parecia impossível ir mais longe, mas a actual comissão estava decidida a dar o 1º passo em frente.
Em jeito de refrão, sugeri que o título a dar aos cartazes reflectisse a vontade de inovar, de ir mais longe. O mordomo Virgílio Ferreira deu a dica: vamos chamar-lhes FESTAS DE BUSTOS EM HONRA DE S. LOURENÇO!
Mas tudo o que for inovação e ousadia fere susceptibilidades, sacode demais o torpor das pessoas. Para não chegarmos ao céu duma assentada, preferimos recuar no mote, não fosse o Diabo tecê-las enquanto os Santos dormiam.
Também recuámos numa exposição ilustrativa de rádios antigos do Manuel dos Rádios, o que se deveu a razões de segurança e evitar riscos que pusessem em causa a integridade do fantástico património do Manuel, único em Portugal e Europa e dos mais completos e ricos do mundo.
Recuámos ainda na realização de 2 conferências, por outros temores.
Eis o que nos ficou, depois de alguns avanços e outros tantos recuos:
a) Parte cultural:
- Dia 8; 22H00: Espectáculo ao ar livre, pela Companhia de Dança de Aveiro.
- Dia 9; 17H00: Apresentação dum trabalho do Li Mota (Moncas) sobre a Capela dos Ferreiras, que conhecíamos por "Capela do Dr. Pato", mas era assim denominada em finais do séc. XIX. (1)
(Santíssimo Imaculado Coração de Maria - 1873)

- 18H00: Actuação dos Cantares de Bustos.
- Dia 10; 18H00: Concerto da Banda Filarmónica da Mamarrosa.
b) Parte religiosa:
- Dia 9; 11H00: Benção, no decorrer da missa de domingo, da nova imagem da padroeira da Capela dos Ferreiras, entretanto desaparecida e documentada como Santíssimo Imaculado Coração de Maria, consagrada em 12 de Dezembro de 1873. (2)
- Dia 10; 15H15: 1º Cortejo, da Feira do Sobreiro até ao local das palmeiras, frente à Igreja, conduzindo o Reverendíssimo Bispo, D. Ximenes Belo, enquadrado por carros antigos (Fernando Luzio) e com a participação especial da Banda Filarmónica da Mamarrosa.
- 15H30: Recepção do Reverendíssimo D. Ximenes pelo nosso Padre Arlindo, seguida dum
- 2º Cortejo, ao longo daquela que ficou conhecida por Praça Vermelha. Integram-no a Irmandade das Almas e a Confraria da Cruz do Senhor e o Diácono Lourenço de Huesca e suas Riquezas.
- 16H00: Missa de S. Lourenço.
- 17H00: Prisão do Diácono Lourenço e das suas Riquezas à saída da missa, pelas tropas do imperador romano Valeriano (VIV'ARTE, acolitado por alguns artistas locais).
- 17H15: Procissão Solene, de acordo com as usanças, mas desta vez enriquecida pela honrosa presença do reverendíssimo Sr. Bispo/Nobel da Paz e pela Padroeira da Capela dos Ferreiras, bem como por Gentes de Bustos vestidas à moda antiga e pela costumeira Fanfarra da Costa do Valado, tudo sob a inestimável protecção duma pequena força a cavalo da GNR, também fardada a rigor, que a procissão quer-se reluzente, de encher o olho. (3)

- 22H00: Encenação pelo VIV'ARTE da morte do Diácono Lourenço, seguida da Canonização do nosso S. Lourenço.
c) Parte pagã:
- Os conjuntos do costume, no caso, Central (dia 9; 22H00), Fax (dia 10; 22H00) e TV5 (dia 11; 22H00) e, ainda, Karaoke (dia 8; 24H00), onde pontificam o preocupado Joãozito do Jó e a Gladys Del Carmen da linda voz de sempre.

- Aguardamos a confirmação dum pequeno Concerto, a entremear a apresentação do trabalho do Li, a cargo da violoncelista Raquel Reis (Orquestra da Gulbenkian) e da irmã Joana, violinista nas horas vagas da medicina e ambas filhas de Oliveira do Bairro.
*
comes e bebes para muitas bocas. Bocas que esperemos sejam bem mais do que as dos maledicentes e temerosos do costume, que isto da malta se arrimar a qualquer obra é terreno propício a ter que ouvir o que não merece.
Deixo aqui a minha - e de uns quantos mais - ambição: que o S. Lourenço sirva de regaço às GRANDES FESTAS DE BUSTOS EM HONRA DE S. LOURENÇO.
Não vos parece que vai sendo tempo de Bustos sair do marasmo?
__
(1) Apenas adianto que o Li recuou
com sucesso até ao séc. XVII na busca documental da árvore genealógica da família Ferreira da Barreira.
(2) Uma viagem a Braga com o James e uma antiga foto a cores (a Clarita já anda no terreno das raízes de Bustos há mais anos do que se pensa), conduziu-nos facilmente à reprodução em madeira da bonita imagem.
3) Só ontem e após um indeferimento inicial, motivado pelo empenhamento total das forças da GNR na prevenção e combate aos incêndios e considerando a presença de D. Ximenes Belo, me foi transmitida a participação de 2 cavaleiros na procissão.

- NOTA: a 1ª imagem é do antigo S. Lourenço (séc. XVI) e estava no nicho superior à porta da antiga Igreja.

21 de julho de 2009

VII Fórum de Bustos: recordar ideias humanistas - I

No passado sábado, tendo por palco o aprazível espaço exterior e interior do Restaurante Rafael, recordámos. Como disse Mário Reis Pedreiras no seu discurso, “recordar é viver duas vezes a vida”.
Como não podia deixar de ser, a decoração interior evocou Manuel Ferreira da Silva, de resto representado ao vivo pelo Joãozito no fato de emigrante de passagem pelos EUA e que o NB já reproduziu. Não faltaram memórias dos tempos do cinema sonoro, dos trajes dos anos 30 e 40 e dos bailes desses tempos (eu e o Jaime até fomos “desapertar” duas moçoilas que dançavam entre si, como que a pedi-las).
Muito lembrado e melhor documentado foi também o teatro de revista, de que foi paradigma a peça Bustos em Cuecas. Bem a propósito e porque se tratava de recordar, foi reconstituída (graças ao precioso trabalho de recolha da Clarita Aires) uma cena dos anos negros da II Grande Guerra, por sinal também recordada por Mário Reis Pedreiras:
Ferreira da Silva colocara no recinto redondo em frente ao salão um altifalante ligado a um rádio RCA, para que os bustoenses pudessem ouvir “os célebres noticiários da BBC feitos pelo nosso saudoso Fernando Peça… Era tal a nossa avidez pelas notícias que na altura avassalavam o mundo, que nos juntávamos às centenas para assim escutar no maior silêncio e apoiados ao cabo da enxada, o que no mundo se passava.
Pois acreditem se quiserem: até uma gravação original dos noticiários do Fernando Peça foi ouvida junto ao Bustos Sonoro Cine e, logo a seguir, no agradável espaço exterior do Rafael. Nem o cavador com a sua enxada faltou a compor a cena viva. Um mimo!
Só mesmo a Clarita do nosso sofrer seria capaz de tais pormenores etnográficos!
A regressada Irene Micaelo lembrou que o Fórum bebeu as suas raízes nos bancos das nossas escolas: “Estamos a falar de Cultura e estamos a falar de Afectos, porque este é também um encontro de amigos.
Isso e muito mais nos disse a Irene dos meus tempos de rapaz namoradeiro. Em remate sublime, trouxe-nos “
pela mão a jovem professora de 21 anos que, no início da sua carreira, se deslocava de Ílhavo à Quinta Nova para, também ela, nos abrir as fronteiras do conhecimento.”. Bem merecido foi o lindo ramo de flores que entregou à Prof.ª Maria Leonor Branco Marques.
E mais não conto por hoje, que o espaço e o tempo são curtos em demasia.
Felizmente, é longa a memória de quem sente e vive as Raízes de Bustos.

19 de julho de 2009

S. Lourenço de Bustos: as Festas começam assim


Pelas 22H00 do dia 8 do próximo mês de Agosto, queremos que o Adro da Igreja de Bustos seja pequeno para assistir a este espectáculo, inédito no âmbito de festejos de arraial.
As Festas em Honra de S. Lourenço estão a bater à porta dos nossos corações...de crentes e não crentes.
Somos todos BUSTOENSES!
Somos TODOS convidados!

17 de julho de 2009

FERREIRA DA SILVA - «O BRASILEIRO» QUE MUDOU BUSTOS

Manuel Ferreira da Silva
Caneira (Mamarrosa) - Bustos
27.09.1901 - 16.01.1990


Arsénio Mota[1] no seu e desde 1983 nosso livro “Bustos – elementos para a sua história” faz um registo de iniciativas acontecidas na freguesia e que lhe mereceu o sub-título “Anos 30: uma «explosão».

Sem passar a pente fino lá encontraremos:

.«a construção da sua primeira escola pública»,
.«a feira bi-mensal»,
.«o cinema»,
.«a União Liberal de Bustos»,
.«a electrificação»
.a pavimentação com paralelepípedos das estradas nacionais de 3ª que a servir Bustos e Sobreiro.
.a passagem de «carreiras regulares de camionagem».
.o aparecimento do “«Ford» de Manuel Nunes Pardal” e a provocar espanto.

Apesar da sua população ter baixado para 1625 habitantes[2], Bustos transformara-se num estaleiro recheado de realizações.


E porque o VII Fórum de Bustos (2009) evoca Manuel Ferreira da Silva, aliás, vai concretizar uma aspiração de Mário Reis Pedreiras acalentada nas comemorações do Dia de Bustos’1990, “que, no próximo ano, lhe seja prestada digna homenagem” conforme o JB[3], considero oportuno divulgar o texto que Arsénio Mota dedica a Manuel Ferreira da Silva.

«Brasileiro» aposta no Cinema


Coube a Manuel Ferreira da Silva, de Quinta Nova, que se fixara no Brasil e onde fizera fortuna, a honra de introduzir o Cinema em Bustos, A sua aposta máxima teve o nome de Centro Recreativo de Instrução e Beneficência, fundado em 1936.
Foi um sonho, temerário, sim, mas coroado pelo melhor êxito, graças à visão rasgada, ao saber pioneiro e ao dinamismo de que deu amplas provas.
Manuel Ferreira da Silva criou no povo bustuenses e dos arredores, desde os «anos heróicos» iniciais, o gosto pelo Cinema, levando-o a frequentar semanalmente aquela casa de espectáculos. Lançou inclusive um sistema muito simples e aliciante, porque era económico, de «assinatura mensal», espécie de cineclube avant la lettre - algo de espantoso numa localidade rural e naquela época.
Bustos orgulhou-se, nos anos 30 e 40, e mesmo depois, quando tantas cidades de província ainda não podiam dispor de sala com cinema sonoro, de ser uma simples aldeia e possuir - mais: merecer! - a sua excelente casa de espectáculos.
No seu palco se representou, nomeadamente, a revista à Parque Mayer «Bustos em Cuecas», que deixou fama a perdurar muitos anos, e se realizaram assíduos bailes e outros actos públicos.
Em 4 de Setembro de 1977 reabriu após um interregno para obras de beneficiação, que de novo a colocaram na vanguarda das casas do seu género. Mudou então de nome, passando a designar-se Bustos Sonoro Cine e a exibir por norma três filmes por semana, com matinée ao domingo e baile à noite.

Voltando ao espectáculo que os bustuenses realizaram brilhantemente, anota-se que os respectivos ensaios se alongaram de 1934 até 1937, - ano em que «Bustos em Cuecas» subiu ao palco. O ensaiador (director) era David Pessoa, alfaiate e depois comerciante e emigrante; o director musical era Emitério Fernandes, da Palhaça; o compère, Manuel Sérgio. Mas o elenco incluía ao todo dez homens e nove mulheres em cena. O espectáculo foi apresentado nove vezes, sempre com lotações esgotadas e grande êxito. Ditos em palco ficaram gravados na memória colectiva e passaram a fazer parte do refraneiro local.

[Fim de transcrição]

(pg.s 30 e 31 )
______________
[1] Arsénio Mota, “Bustos – elementos para a sua história”, edição da Associação de Beneficência e Cultura de Bustos, 1983
[2] idem
[3] Jornal da Bairrada, 23.02.1990

10 de julho de 2009

SUBSÍDIO PARA A HISTÓRIA DE BUSTOS

De família humilde, MANUEL FERREIRA DA SILVA nasceu no dia 27 de Setembro de 1901, no lugar da Caneira. Feita a instrução primária – dizia ter concluído a 6.ª classe (?) – foi para Lisboa, onde guardava gado numa quinta que existia nos Olivais, onde se manteve até rumar pela primeira vez ao Brasil, por volta dos seus 18, 19 anos.
Regressou poucos anos depois, para casar com Cristina de Jesus, que também se assinava Cristina Mota Ferreira e Cristina de Jesus Mota.
O casal passou então a explorar uma loja de mercearias, no Sobreiro, onde depois foi construído o que veio a ser o restaurante TI MARIA.
Um ou dois anos depois emigrou para os Estados Unidos e fixou-se em Pert Amboy, estado de New Jersey, trabalhando como guarda numa fábrica de cerâmica que, segundo consta, ainda há poucos anos existia.
Final dos anos vinte, era o tempo da “lei seca” e, porque tinha tempo disponível, no porão da casa onde vivia fabricava licores, especialidade que aprendeu no laboratório de Augusto Costa, nos seus anos de escola na Quinta Nova, já que era lá que funcionava a única sala de aulas de Bustos. Foi denunciado e preso durante algumas horas. Da denúncia e prisão resultou que os polícias passaram a ser os seus melhores clientes. Fez fortuna e regressou, confortavelmente, a Portugal ao fim de sete anos. Antes, porém, sabendo que Augusto Costa queria vender a sua Quinta Nova, enviou dinheiro à esposa que comprou a propriedade.


Chegado a Bustos, Ferreira da Silva comprou também o pousio onde mandou construir o Centro Recreativo de Instrução e Beneficência, bem como o edifício ao lado, onde o Sr. Manuel Aires abriu a CASA DAS MODAS e o Sr. Dr. Assis a Farmácia.
A construção do Centro Recreativo na aldeia de Bustos foi uma temeridade para a época. O Bustos Sonoro Cine, inaugurado em 1937 (?), com sessões regulares de cinema e bailes que regularmente ali se realizavam, foi um fracasso, pelo que decidiu emigrar outra vez para o Brasil, agora acompanhado da esposa e filhas. Nomeou procurador o médico Dr. António Vicente que foi mantendo o salão a funcionar, sob a orientação de Manuel Simões Micaelo que, aos 17 anos, foi ajudante de projeccionista de Ferreira da Silva.
No Rio de Janeiro, abalançou-se a actividades diversificadas: primeiro uma quitanda e um açougue que, entretanto, vendeu; depois uma padaria com pastelaria anexa e uma fábrica de massas alimentícias.
Toda a família se manteve no Brasil desde 1939 até 1945, ano em que voltaram a Bustos, por razões de saúde de D.ª Cristina. À frente dos negócios ficaram três Bustoenses: António Luzio, Manuel Lagoa da Quinta Nova e Manuel Figueiredo do Sobreiro.
Durante o tempo que Ferreira da Silva se manteve em Portugal, (mais ou menos dois anos) tomou várias iniciativas de carácter cultural (vide livro “O Destino” de Maria Nazaré Costa, pp. 22, 98, e 99). Noutra vertente, de salientar a limpeza das ruas da freguesia, contratando a expensas suas um homem que, com uma carreta apanhava os excrementos dos animais bovinos. Participou ainda em diversas actividades em prol de Bustos como a criação da feira do Sobreiro.
Veio mais duas vezes a Portugal e regressou definitivamente ao Brasil em Abril de 1981, ocorrendo a sua morte a 16 de Janeiro de 1990.
Com a demolição de parte do Morro de Santo António para formar o Aterro do Flamengo, demolidos foram também os edifícios onde estavam instaladas a padaria, a pastelaria e a fábrica de massas alimentícias, erguendo-se agora, sobre os seus destroços, a catedral do Rio de Janeiro.


Miguel Barbosa, em 04 de Dezembro de 2008

9 de julho de 2009

CENTRO RECREATIVO: DO PRIMEIRO BAILE À INAUGURAÇÃO OFICIAL


Afinal em que dia foi inaugurado o Centro Recreativo de Instrução e Beneficência?

Fomos encontrar a resposta num jornal que, em 1918, começou por ser editado em Bustos, o “Alma Popular”.

No ano de 1936 o quinzenário era publicado em Oliveira do Bairro, sendo dirigido por Manuel dos Santos Pato e Tiago A. Ribeiro. Ao tempo tinha uma coluna intitulada “Notícias de Bustos” onde o correspondente local, que assinava com o pseudómino Xis ( na verdade era Manuel dos Santos Pato), dava nota dos acontecimentos da aldeia.

Pouca coisa escapava ao “nosso” Dr. Pato que no dia 3 de Maio de 1935, na página dois, assinalou o nascer do projecto:

Club - O nosso amigo, sr Manuel Ferreira da Silva, acada de adquirir um terreno no centro desta localidade destinado à construção dum club.
Que a ideia não fracasse – e não deve fracassar - como já aconteceu doutra vez, são os nossos desejos.”


Ao descobrir esta notícia fiquei optimista quanto à possibilidade de o jornal assinalar o grande momento da abertura. Eventualmente a minha expectativa tinha mais a ver com a realidade dos nossos dias do que com os hábitos dos anos trinta. Mas sempre me pareceu que, ontem como hoje, uma casa destas características, a precisar de ser conhecida e cativar públicos, não podia deixar de abrir portas com um acontecimento marcante. E continuei a consultar o jornal.


(clique sobre a imagem para a ampliar)

O Primeiro Baile e Sessão Política

Já o pescoço se queixava, farto de se manter na mesma posição, quando abro a edição do “Alma Popular com data de 5 de Outubro de 1936. Numa local intitulada “Bailes” descubro novas informações:

Bustos, 28 – Promovido por um grupo de tricanas realizou-se, a noite passada, o primeiro baile no Centro Recreativo (ainda em construção), que foi bastante concorrido e animado assistindo os três jazzs locais.
-Para o próximo dia 3 está anunciada uma soirée dançante, no mesmo club, iniciativa de uma comissão de senhoras e cavalheiros, a mesma que no ano passado promoveu o baile de beneficência.
Consta-nos que devem assistir muitas das famílias mais distintas desta região.- X
.”

Ainda em obras o Centro recebeu o primeiro baile na noite de 27 de Setembro de 1936. O segundo baile aconteceu logo a 3 de Outubro seguindo-se, dois dias depois, o primeiro grande momento cívico e político da sala com a comemoração do 26º Aniversário da Implantação da República.
Escreve o correspondente do “Alma Popular” na edição de 16 de Outubro de 1936:

Aniversário da República. O cinco de Outubro foi aqui ruidosamente festejado. Durante todo o dia a Bandeira Nacional tremulou no edifício dos Correios e no Centro Recreativo. Salvas de foguetes e morteiros se fizeram ouvir de manhã, ao meio-dia e à noite. De tarde o Floresta Jazz percorreu algumas ruas da freguesia juntando-se, à noite, no Centro Recreativo muito povo que entusiasticamente aclamou a República ao som da Portuguesa.
O Sr. Ferreira da Silva, proprietário do Centro Recreativo, declarou à numerosa assistência que, de futuro, a data da proclamação da República será todos os anos comemorada naquela casa com uma festa de Beneficência.
Esta atitude foi justa e calorosamente aplaudida
.”




Inauguração em 18 de Outubro de 1936

Um pouco mais abaixo, na mesma coluna, encontramos a tão procurada notícia da inauguração, que afinal aconteceu a 18 de Outubro de 1936.

Duas inaugurações – Está anunciada para o próximo domingo a inauguração do Centro Recreativo Instrução e Beneficência. O Programa é deveras atraente – música, teatro baile, e outras manifestações de regozijo. (…)”

Na edição seguinte do “Alma Popular” nenhuma referência é feita à inauguração “oficial” do Centro porque o destaque vai para outro grande acontecimento local, a inauguração da Feira. Mas a actividade a artística do “Clube” não deixa de ser referida:

Teatro – No Centro Recreativo tem sido muito apreciados os trabalhos de Madame Friorenza .Para domingo, 8 de Novembro, além de um número de variedades por aquela artista, está anunciada uma récita de amadores desta localidade. Xis.”


Visconde comemora a República

O ano de 1937 começou com um baile de beneficência:

Beneficência – O proprietário do Centro Recreativo, nosso amigo, Sr. Manuel Ferreira da Silva , distribuiu em 6 do corrente, pelos pobres desta freguesia, o produto liquido duma récita dada em seu favor no dia de Ano Novo." (“Alma Popular” 15-01-1937).



No dia 20 de Novembro de 1937 a sala assinala um outro grande momento da sua existência com a estreia do teatro de revista “Bustos em Cuecas”. Nesse ano não houve qualquer comemoração do 5 de Outubro (“Faltou o Hilário que com o seu fervor organizava alguma coisa” (Diário de V.R.P), mas no ano seguinte o improvável aconteceu com o Sr. Visconde de Bustos a presidir à comemoração republicana:

Aniversário da República – Como anunciámos, o 5 de Outubro teve aqui festiva comemoração no Centro Recreativo efectuou-se uma sessão solene, a que presidiu o sr Visconde de Bustos, tendo usado da palavra os académicos Manuel Augusto dos Santos Pato, Mega Fontes e António Almeida Pato e os Srs Vitorino Reis Pedreiras e dr. António Vicente.
Todos os oradores fizeram a apologia do regímen Republicano, tendo sido muito aplaudidos e a República entusiasticamente aclamada pela enorme assistência.
Três Jazzs – “Os Melros”dos Covões; “O Lúcifer” da Mamarrosa; e os “Galitos” de Bustos – abrilhantaram as festas que terminaram por um animado baile, cujo produto reverteu em favor dos pobres”
(“Alma Popular”, 21-10-1938).

Alguns filmes

12 de Março de 1939: É exibido o primeiro filme colorido, “O Jardim de Alah”.
19 de Março de 1939: É exibido “Os Fidalgos da Casa Mourisca” ,realizado por Duarte Cruz.
2 de Março de 1940: A exibição do filme “O Rei dos Reis” provoca a maior enchente de que há notícia. Mais de duas mil pessoas lotaram a sala tendo muitos desistido de assistir à sessão.

Belino Costa

8 de julho de 2009

BANDA DA MAMARROSA COM VIDA

(para ampliar, clique sobre a imagem ... às vezes resulta)
A Associação de suporte da Banda da Mamarrosa vai promover a realização de Convívio para Angariação de Fundos destinados à aquisição de

1 Saxofone Alto
1 Lira
1 Filiscorne.


O custo deste novo instrumental vai rondar os 7.500,00 € (segundo informa a Direcção).
Vamos ajudar a Banda da Mamarrosa a dar mais um salto qualitativo.

O Convívio “abre portas”
Às 19H30 de sábado, dia 11 de Julho’09
No Parque da Piscina da Mamarrosa

Qualquer contributo será bem recebido.

7 de julho de 2009

BUSTOS [CTT] - «ESTIMADO CLIENTE» BATE COM NARIZ NA PORTA

Ontem à tarde, dia 6.07.09, nos CTT de Bustos foi Dia de bater com o nariz na porta.
A pergunta sacramental sobre a ocorrência da porta fechada bailou longamente.
Episódio I

Nas sua calmas, um «estimado cliente» empurra a porta e ela não cede.
Queria enviar esta encomenda!...
Vai à Mamarrosa !…
… Porquê?...
Seguiram-se vários etc.s.
O melhor é leres a comunicação dos CTT dirigida ao «Estimado Cliente».
Bem, venho amanhã.

Ilações, conclusões esvoaçaram.

O peso de Bustos só pode ser medido por balança de ourives.



Episódio II

Boa tarde. O gesto repetiu-se.
A porta recusa-se a ceder. Está fechada.
Mas ainda não é hora de fecho!?
Agora só trabalha de manhã.
Mas aqui o aviso diz que posso levantar das 14H00 às 17H30!

Um estrangeirado. É assim que funciona aqui?

*
Do Monumento do Adro parecia ouvir-se o Senhor Albano Tavares da Silva
(mais conhecido por Ti Albano Barateiro):

"Está tudo escagaçado
e cada vez piora mais.
E eu assino por baixo". (*)
______________________________________________
(*) um obrigado a Milita Aires por emprestar o 'desabafo' tantas vezes repetido pelo seu avô materno.

6 de julho de 2009

BUSTOS REGRESSA À MAMARROSA, VIA POSTAL


(para ampliar, clique sobre a imagem, por vezes resulta)
Como escondida estará (?) a preparação para que a estação dos CTT de Bustos funcione a meio-tempo, meio-gás, ou meio-horário nos meses de calor que costumavam ser os meses da grande emigração.

Confirmou-se.

Os CTT de Bustos estão a funcionar a meio-tempo durante o período de 1 de Julho a 31 de Agosto’09, com o seguinte horário
de 2ª a 6ª feira, das 9h00 às 12H00.
(encontrando-se encerrada aos sábados, domingos e feriados)

Para evitar grandes deslocações ao Estimado Cliente, os CTT informam que a estação mais próxima é a da Mamarrosa, (a funcionar no edifício da Junta de Freguesia) e que neste período está aberta ao público com horário alargado:

de 2ª a 6ª feira, no Período da manhã: das 9h00 às 12H30;
no Período de tarde: das 14H00 às 17H00.

Assim se faz cumprir o serviço público, em época de expansão de desemprego, a bem da gestão. Corta-se no pessoal.
Paulatinamente, Bustos parece estar a definhar e a preparar-se para regressar ao colo da Mãe-Mamarrosa.

Ou os CTT estarão a ‘tecer’ as malhas para se libertarem do peso da Estação de Bustos?

Aguardam-se novos episódios e explicações, todas em nome da agilização, do equilíbrio e mais etc.s ou quiçá ter havido uma grande conquista do poder político da terra.
Pois.
sérgio micaelo ferreira

CENTRO POLÍTICO E CULTURAL COM NASCIMENTO INCERTO



Não se sabe, garantidamente, qual a data da inauguração do Centro Recreativo de Instrução e Beneficência . O ano de 1936 é apontado como o da sua fundação. Não é seguro que tenha sido assim dado que faltam "comprovativos", mas é certo que em Outubro de 1936 o Centro já abrira portas.

Manuel Ferreira da Silva, um dos membros da comissão que fundou a feira de Bustos, no dia da inauguração do novo mercado (19 de Outubro de 1936), recebeu no Centro Recreativo a banda musical que veio animar o evento. Vitorino Reis Pedreiras escreveu sobre esse dia inaugural:

“Meio-dia. A música já no seu coreto, depois de ter dado entrada em Bustos no Centro Recreativo, deliciando os ouvintes com as peças de seu reportório.” ( “Memórias de Ouitros Tempos”, pag 51).

Já dias antes a sala , servindo como o Forum da Aldeia, fora palco de uma verdadeitra “Assembleia de Freguesia”.

“Estive hoje (dia 11) no Centro Recreativo para onde fora convocado o povo desta freguesia para o incentivar a auxiliar a nova feira que vai ser inaugurada no dia 19, no Sobreiro (…) .” (V.R.P idem)

Nesse ano de 1936 também as comemorações do 5 de Outubro passaram pelo Centro:

“Faz hoje 25 anos que o povo, num rasgo de ousadia quebra as grilhetas dos Braganças e proclama a República em Portugal.(…) Hoje, comemorando este dia houve festa, tendo-nos reunido no Centro Recreativo onde eu usei da palavra, e o Hilário Costa, sobre o significado do dia, perante assistência que enchia o Centro.” ( VRP, idem)

O Centro Recreativo de Instrução e Beneficência foi o verdadeiro centro político e cultural de Bustos. Provavelmente terá sido inaugurado antes de 1936 já que, a ter acontecido nesse ano, Vitorino Reis Pedreiras não teria deixado escapar acontecimento tão invulgar porque foi em Janeiro desse ano que iniciou o seu diário.

Terá sido 1935 o ano da abertura? Terá sido em 1936? Para já não há documentação que sustente uma data e resolva a dúvida.

Quem sabe se o encontro do próximo dia 18 não irá ajudar a esclarecer esta questão…

Belino Costa

3 de julho de 2009

FILHA DE BUSTUENSES CANTA O FADO


Oriana Pataco

A luso-americana Nathalie Pires actua este sábado, 11 de Julho, em Klagenfurt, Áustria, ao lado do saxofonista e pianista Tim Ries.

Chama-se Nathalie Pires, tem 23 anos, raízes em Bustos, Oliveira do Bairro, e partilha o palco, no próximo sábado, dia 11, com o saxofonista e pianista Tim Ries.
O convite para um espectáculo de jazz e fado em Klagenfurt, Áustria, surgiu do próprio saxofonista dos lendários Rolling Stones. Tim Ries não ficou indiferente à apresentação da fadista em Manhattan, daí nascendo o seu envolvimento em projectos de jazz e actuações ao vivo com Tim Ries e sua banda. A mais recente aconteceu no Highline Ballroom, em New York, no dia 26 de Junho.


Nathalie Batista Pires é filha de Telmo Pires e Isaura Batista Pires, ambos nascidos em Bustos, com residência em New Jersey, EUA. A música corre-lhe nas veias. O pai, Telmo Pires, é músico, autor, compositor e foi vocalista de vários conjuntos musicais nos Estados Unidos durante 15 anos. A filha Nathalie passou grande parte da infância dormindo atrás do palco, fazendo das caixas dos sintetizadores uma cama improvisada, enquanto o pai actuava. Com seis anos, pisou ocasionalmente o palco com o pai, e ainda como solista aos nove. "Cresceu numa casa onde o fado foi sempre apreciado, respeitado e ouvido com devoção", admite o progenitor.
Apesar de ter nascido nos EUA, Nathalie Pires tem também a nacionalidade portuguesa e é com orgulho que se se considera bairradina. No seu sítio , a artista dá a conhecer a sua biografia, a evolução da carreira e a agenda, cada vez mais preenchida.
"Corre-me o fado nas veias"
A fadista de Perth Amboy, New Jersey, fiel intérprete da "Canção de Portugal", conta já com dez anos de carreira artística, e um álbum intitulado "Corre-me o Fado nas veias", ao qual foi atribuído o "Prémio Lusíada" dos Artistas Unidos da América, como o melhor álbum de fado gravado no ano 2007.
Para além da música, os números são outra paixão na vida de Nathalie Pires, que concluiu em Maio o curso de Contabilidade.
Mas é no fado que a jovem luso-americana se realiza, levando a cultura portuguesa às comunidades americanas e agora também europeias. "Muito embora goste de outros estilos musicais, é a canção de Portugal que me toca a alma, gerando um sentimento inexplicável de saudade, que me convida a cantar quase sem saber porquê", confessa a jovem bairradina.
O fado preenche-lhe a alma. Nas palavras da fadista, "o trinar das guitarras transporta-me a um mundo mágico e ao mesmo tempo tão real, no qual realizo o meu desejo de expressar esse sentimento, que renasce cada vez que o fado acontece".

in Jornal da Bairrada


2 de julho de 2009

Fórum de Bustos|18.07.09 - A MANUEL FERREIRA DA SILVA


Fórum de Bustos18.07.09

O dia da confraternização dos bustoenses é dia 18 Julho (Sábado), às 12 horas,
no Restaurante Rafael.

É mais um encontro de amigos de infância e juventude alguns dos quais, por força das circunstâncias, se encontram ausentes.

É, também, a oportunidade para evocar e homenagear a coragem e ousadia do insigne bustoense que introduziu o cinema em Bustos:
Manuel Ferreira da Silva

Programa

11H00: ponto de encontro, frente ao Bustos Sonoro–Cine
12H00: Almoço-Convívio no Restaurante O Rafael

Ementa

· Entradas
· Aperitivos
· Sopa à Lavrador
· Bacalhau Assado na Brasa com Batata a Murro
· Leitão Assado à Bairrada com Batata Frita e Salada
· Sobremesa: Doces e Fruta
· Bebidas: Vinho (branco ou tinto); Espumante, Água e Sumos
· Café

Preço: 30 Euros

Após o almoço:
“Recordar Ferreira da Silva”
. Depoimentos
· Baile abrilhantado por Amadeu Mota (que tanto valorizou a nossa terra)

Inscrições até 13 de Julho de 2009
As INSCRIÇÕES podem ser efectuadas:

§ No restaurante Rafael

Ou pelos seguintes contactos:

§ Manuel Valente 964130124

§ Milita Aires 234 751452 / 917130762
§ Óscar Santos 962074219

§ João Duarte 938640444

BUSTOS CENTRÃO - VISTO DO ALTO [construção da igreja - durantes]

(se pretender ampliar, clicando sobre a imagem, por vezes resulta)